Condenar a Ditadura Militar pelas torturas, assassinatos, desaparecimentos e demais crimes de Estados é importante, mas é fundamental não deixar de lado o aspecto do desmantelamento da soberania e econômico imposto pela Ditadura. Não podemos cair na armadilha da imprensa patronal, que condena as violações dos direitos humanos [cinicamente, porque todos os meios de comunicação fizeram parte da Ditadura e sabem que não há as condições de defender o fascismo do regime], mas concorda com todo o programa entreguista e de desmonte da economia nacional impulsionado pela Ditadura Militar.
Não é de hoje que a extrema-direita utiliza da propaganda de contra informação para promover golpes. O capitão miliciano, que ocupa a presidência graças ao golpe contra Dilma e o sequestro contra Lula, afirmou que a China está comprando o nióbio brasileiro. Desenhando uma realidade que não existe.
A cereja do bolo da bajulação do Império norte-americano pelos militares, agora, é a adoção do discurso anti-China que é explorado exaustivamente pelos Estados Unidos. O objetivo é criar as condições para a guerra contra a China. A base desse discurso é afastar o Brasil, membro dos BRICS, das relações com a China e realinhar o país a mero exportador matérias primas para os EUA.
A postura de “vende-pátria” não é o único furo no discurso “pseudopatriótico” das Forças Armadas. A manutenção da apologia à Ditadura Militar é a defesa também da política de arrochou o salarial contra o trabalhador [que correspondeu numa perda de 43% do que valia no governo Vargas], fez explodir as desigualdades sociais e a dívida externa. A ditadura, com o discurso farsante de nacionalismo, desmontou nossa industria de base e entregou nossas riquezas ao imperialismo, inclusive o nióbio.
PRODUÇÃO DE NIÓBIO E ALGUMAS CONTRAINFORMAÇÕES
O Brasil é líder mundial na produção do nióbio. Mineral que é utilizado na siderurgia, na fabricação de dutos para passagem de petróleo e gás, em componentes de jatos e peças aeroespaciais e automóveis, em componentes eletrônicos de computadores e celulares, além de ser um metal utilizado na fabricação de jóias e até mesmo na medicina em operações de ressonâncias magnéticas.
O Brasil detêm 98% das reservas de nióbio conhecidas no mundo. Correspondendo 90% do volume do metal comercializado no planeta. As nossas reservas são da ordem de 842.460.000 toneladas e as maiores jazidas se encontram nos estados de Minas Gerais (75% do total), Amazonas (21%) e em Goiás (3%).
O nióbio não é o mineral mais valioso do planeta, atualmente o nióbio transformado em liga, está cotado no mercado em cerca de U$ 15 mil a tonelada.
Trata-se de um mineral de importância estratégica para o desenvolvimento nacional, mas propagandear que o nióbio é a salvação das contas públicas brasileiras é um enorme exagero. O nióbio não é insubstituível. Há ao menos três outros elementos que podem ser utilizados como alternativas, o vanádio, o tântalo e o titânio.
Utilizando-se de um velho mapa geológico elaborado pela Ditadura Militar em 1971, os militares lesa-pátria tentam sustentar uma retórica que os chineses controlam as demarcações das terras indígenas e quilombolas para roubar nossos recursos minerais. Porém, analisando o Plano Nacional de Mineração do Ministério de Minas e Energia, constatamos que essa afirmação não passa de uma propaganda dos latifundiários para roubar as terras dos povos indígenas e quilombolas brasileiros. A soberania nacional é a menor preocupação dos generais. Por exemplo, esses militares que promoveram a entrega da Base de Alcântara para os EUA, da Embraer e do Pré-Sal. Sempre deram todo apoio à Lava-Jato, uma operação golpista dirigida pela CIA para destruir a economia nacional e a produção de ciência brasileira, destruir o programa nuclear brasileiro, que resultou na prisão e desmantelamento do programa dirigido pelo patriota Almirante Othon.
Desde 1965, através de projeto norte-americano o nióbio está nas mãos do Grupo Moreira Salles.
Durante a década 1950, os EUA perceberam que era necessário obter o controle aéreo e espacial para projetar seu poder contra outros países, pois possuir a Marinha e Exército poderosos não correspondiam as necessidades atuais do seu Imperialismo. Portanto, em 1960, o Almirante Radford elaborou a política “The New Look”, essencial para obter a supremacia aérea e espacial dos EUA.
Já na corrida espacial, os EUA precisavam manter fontes baratas e em grande quantidade de minérios para produzir seus caças, suas naves espaciais, satélites e demais equipamentos. Nesse sentido, em 1965, logo após dar o golpe militar no Brasil que derrubou o Governo Democrático de João Goulart, o Almirante Radford estabeleceu relações com o banqueiro Walther Moreira Salles e com apoio dos EUA iniciaram a exploração de minerais, fundando a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM). Dessa forma o plano The New Look adquiriu uma base fixa para importar nióbio barato.
Propaganda anti-China para esconder controle do Grupo Moreira Salles e NASA sobre o nióbio brasileiro
Toda a extração do nióbio brasileiro está concentrada nas mãos de duas empresas: Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração,controlada pelo grupo Moreira Salles proprietário do Itaú Unibanco e pela mineradora britânica Anglo American.
A CBMM é a empresa líder do mercado de nióbio, respondendo cerca de 80% da produção mundial. Em seguida, estão a canadense Iamgold, com participação de cerca de 10%, e a Anglo American, com 8%.
No ano 2008, o então Governador de Minas Gerais, Aécio Neves -aprovou, sem licitação a renovação do contrato de exploração da maior mina de nióbio em Araxá (MG), propriedade do Governo de MG, para CBMM por 30 anos. Nesse mesmo período o Unibanco havia comprado o Banco Bandeirantes do falecido Gilberto Faria casado com Inês Maria Neves de Faria, mãe do então governador Aécio Neves e acionista do grupo Moreira Sales.
Em 2010, o WikiLeaks divulgou o relatório do Departamento de Estado dos EUA elaborado em 2009 onde lista locais estratégicos para os EUA que incluem cabos submarinos e jazidas de nióbio e manganês no Brasil, “cuja perda poderia impactar criticamente a saúde pública, a segurança econômica e/ou a segurança interna dos EUA”, diz o relatório.
Em 2011, a família Moreira Salles, a família mais rica do país, dona de 100% do capital da CBMM, vendeu 15% de sua fatia para um “grupo de investidores” por R$ 2 bilhões. Tal grupo de investidores é um consórcio denominado Molycorp, subsidiária da “Union Oil” (que faz parte do grupo Chevron), que representam a Oxy (Occidental Petroleum), uma empresa com sede nos Estados Unidos, que opera no Oriente Médio, Norte da África e América do Sul. Uma outra fatia, também de 15%, está na mão do grupo Nippon Steel e JFE (mineradoras Japonesas), que são controladoras da Usiminas (estatal privatizada no governo Fernando Collor).
Em 2016, A China Molybdenum Company Limited companhia Chinesa comprou por U$ 1,7 bilhão uma mina e três plantas de processamento da britânica Anglo American. A mina de nióbio e fosfatos, em Catalão, Ouvidor (GO) e Cubatão (SP). A Cmoc tem seus principais clientes de nióbio a China, Índia e Europa.
Com os fatos listados, fica evidente que o mercado de nióbio é controlado pela CBMM e sempre favoreceu os EUA. O discurso anti-china é tática de ilusionismo para afirmar um falso patriotismo e esconder os verdadeiros problemas do país.
Fontes:
http://www.bbc.com/portuguese/internacional-38649836
https://www.brasildefato.com.br/2016/06/21/em-terra-de-indio-a-minerac
ao-bate-a-porta/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ni%C3%B3bio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ni%C3%B3bio
http://www.cbmm.com.br/br/p/34/historico.aspx
http://pt.wikipedia.org/wiki/Vale_S.A.
http://en.wikipedia.org/wiki/New_Look_%28policy%29
http://www.cbmm.com.br/br/p/34/historico.aspx
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ditadura_militar_no_Brasil_%281964-1985%29
http://en.wikipedia.org/wiki/Arthur_W._Radford
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ni%C3%B3bio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_Mercury
http://www.cbmm.com.br/br/p/34/historico.aspx