Comitiva de Bolsonaro carregava quase 40kg de cocaína para o exterior.
No aeroporto de Sevilha, sul da Espanha foi apreendido nesta última quarta (26) na mala de um sargento da aeronáutica, identificado como Manoel Silva Rodrigues, aproximadamente 40 kg de cocaína. A Droga pertencia ao sargento da aeronáutica que era tripulante do avião oficial da FAB, modelo Embraer 190, que integra o comitiva oficial da presidência da República.
Em comunicado oficial, a Guarda Civil da Espanha responsável pela fiscalização em aeroportos confirmou que o militar, cujo o nome era mantido em sigilo pelo Ministério da Defesa e Força Aérea Brasileira, estava transportando 39 quilos de cocaína divididos em 37 pacotes individuais de sua bagagem de mão. Diz o porta-voz da polícia espanhola: “Em sua mala, havia apenas drogas”.
O general Augusto Heleno que é ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), acompanha a comitiva presidencial tinha certeza da impunidade. Lamentou a prisão do sargento às vésperas do encontro do G20 pois temem que o assunto seja abordado em reuniões com líderes mundiais. Disse durante a coletiva de imprensa, interrompida pelo Bolsonaro, no Japão: “Podia não ter acontecido, né? Foi uma falta de sorte acontecer exatamente na hora de um evento mundial e acaba tendo repercussão que poderia não ter tido. Foi, realmente, um fato muito desagradável”, disse o ministro do GSI.
Na manhã de terça-feira (25), a aeronave fez escala em Sevilha na Espanha antes de seguir para Osaka, no Japão, onde o miliciano “eleito” presidente participará entre os dias 28 e 29 de junho da cúpula de líderes do G20. Após a prisão em flagrante, o militar foi conduzido às autoridades locais, e foi colocado em detenção provisória, acusado de tráfico de drogas na Espanha.

Militares tentam minimizar o caso
Numa atitude desesperada, militares tentam atribuir o caso como fato isolado ou desvio ético do militar. Enquanto isso, a imprensa internacional noticia o vazamento de mensagens eletrônicas entre o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol que guardam explicações do governo. Agora se depara com o escândalo envolvendo a comitiva presidencial às vésperas da reunião do G20.
A prisão foi confirmada nesta manhã pelo ministério da Defesa. Em nota, informou que o caso será investigado e para isso foi aberto um inquérito policial-militar. O Comando da Aeronáutica confirmou que a aeronave pertence à força aérea brasileira e estava em missão oficial.
Na ausência de Jair Bolsonaro, o general Hamilton Mourão — que assume a presidência da República, se pronunciou sobre o caso. Afirmou em um encontro no Planalto que o ocorrido se enquadra como tráfico de drogas e vai averiguar quais as conexões do militar, pois não tomou a atitude de levar os entorpecentes à Espanha sozinho. “Com certeza existem conexões nisso aí”, comentou.
É óbvio que, pela quantidade de droga que o cara estava levando, ele não comprou na esquina e levou, né? Ele estava trabalhando como mula. Uma mula qualificada, vamos colocar assim.
Depois da apreensão de 117 fuzis na casa de um amigo do vizinho de Bolsonaro, “aerococa” expõe novamente a ligação entre o Estado de Exceção e o tráfico internacional — de armas e de drogas.
O tráfico internacional de drogas envolvendo agentes do Estado, a serviço de Bolsonaro, não são acidentes de percurso de uma má gestão pública. Em geral, trata-se de uma política miliciana de privatização da segurança pública e de expansão da atuação narcotraficante do Estado. Como já denunciamos, as facções criminosas brasileiras que se articulam para formar um cartel criminoso, apelidado de Narcosul, já disputam e controlam várias das rotas internacionais do tráfico de drogas e armas.
Para tratar o assunto e buscar resolução para a latente reorganização do crime no Brasil, será necessário uma agenda política onde haja investigação independente com a participação da sociedade civil, livre do aparelhamento das instituições de controle e proteção para os “malfeitos” de militares em serviço.

Republicou isso em Gustavo Horta.
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